Milhões para o Mónaco saíram de conta no BPI
Isabel dos Santos usou o banco do qual era acionista para comprar apartamento de €50 milhões no principado
O Banco BPI no seu melhor
Expresso / Luanda Leaks / 25 Janeiro 2020
Segundo mostram documentos do Luanda Leaks analisados pelo Expresso, a empresária angolana adquiriu o seu luxuoso apartamento no edifício Petite Afrique, no Mónaco, por mais de €50 milhões, com recurso a uma conta no banco BPI, do qual era o segundo maior acionista.

“Foi tudo legal e transparente”… obedeceu tudo à “regularidade processual”. Para o comprovar, o Banco tem à sua disposição um exército de advogados e gabinetes de elevado gabarito, incluíndo especialistas que não hesitarão em prestar falsas declarações e difamar, se for necessário e de modo “não menos correcto”, para garantir os seus interesses financeiros.
Todos sabiam, desde há muito tempo, de onde vinha o dinheiro da Rainha. Ao longo de três décadas… todos foram fechando os olhos. Mas dá sempre jeito. O Dinheiro é fluído e era MUITO. Entra e sai… muitas vezes sem deixar rasto. Chamam-lhe “fluxo de capital”, ou algo parecido, devidamente institucional.
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O Banco BPI S.A. “trabalha” com a mulher mais rica de África desde o inicio da Sociedade Portuguesa de Investimento SPI (1981), de acordo com informação cedida pela ICIJ: Luanda Leaks [List of companies held by Isabel dos Santos and Sindika Dokolon]
Será que os Dos Santos já tinham “conexões” com o grupo de “empresários do Norte” e “investidores estrangeiros” que criaram a SPI [Sociedade Portuguesa de Investimento]… ou apenas “abriram” uma conta, provavelmente bem recheada?
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Quando a Rainha começou a dar nas vistas por todo o mundo, Mr Ulrich foi “encostado” pelo BCE… Como também está no BPI desde o início [Foi o homem escolhido para ir abrir a sucursal de Lisboa, em 1983], e era então chefe de gabinete do Ministro das Finanças e do Plano, deve saber muita coisa.
O que é certo é que todos lavaram as mãos da infecção africana com creolina, num dia de verão de 2017… e livraram-se da Mulher mais rica de África por ser incomoda a sua presença — O BPI estava “exposto”. Afinal parece que a Rainha tinha lepra.
Talvez o Banqueiro mais bem pago de Portugal nos pudesse contar algumas histórias… com ovos, e diamantes. Quem não se lembra do aguenta-aguenta — “se um sem-abrigo, infelizmente, se aguenta… porque não aguentaremos?”— dito pelo próprio em conferência de imprensa. Será que Mr Ulrich também se lembrou do povo angolano e já na altura sabia que se “aguentava-aguentava”… enquanto a Rainha ía enchendo o papo das suas galinhas e comprava acções do seu banco?
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“O petróleo flui tanto como o dinheiro, e se uma senhora é a mulher mais rica de África, tendo subido na vida graças ao suor do rosto e a um cesto de ovos vendido na adolescência, o primeiro negócio da magnata, quem vai desconfiar? O dinheiro é anónimo, sobretudo se for muito. E era mesmo muito. Malditos jornalistas.”
[Clara Ferreira Alves, in A Revista do Expresso, 25 Janeiro, 2020]
Robin dos Bosques